domingo, 1 de novembro de 2009

Religiões dos Povos das Estepes e Tundras

Os povos do tronco Escito-Sármata são herdeiros de uma história de guerras por sobrevivência e criação de múltiplos reinos e impérios de curta duração ao longo de vastas extensões de terras em contínua alterações de fronteiras. Sob a égide do ambiente hostil e dinâmico das estepes, espécie de vegetação que percorre toda a Eurásia desde o Oriente da Europa, passando pela faixa superior dos Bálcãs e dos Cárpatos, sumindo por sobre os mares Negro e Cáspio, difundindo-se por todo o Cáucaso e Ásia Menor até enfim alcançar ao extremo sul da Rússia, na fronteira com a China, e se mesclando culturalmente aos povos dos desertos da Mongólia e da Tundra e Taiga do Ártico ao extremo mais extremo da Ásia, as estepes figuram como uma das vegetações mais agressivamente habitadas ao longo dos séculos e milênios de toda a história mundial! Tratar dos povos habitantes das estepes é portanto, traçar um resumo de toda a História da Guerra, demonstrar o desenvolvimento da metalurgia e a domesticação dos cavalos, recriar sociedades que a despeito de seus componentes guerreiros eram, muitas vezes justamente por isso, em grande parte, democráticas sexualmente promovendo a ascenção de homens e de mulheres como líderes na paz, sempre curta, e nas guerras, prolongadas. Aqui não há espaço apenas para homens, pois muitas são as rainhas guerreiras que inspiram, e nos panteões daqueles que adeririam ao politeísmo, a guerra e a justiça podem muito bem ser femininas!

RELIGIÕES DOS POVOS DAS ESTEPES E TUNDRAS

Xamanismos-Animismos Eurásicos, Altáicos e Paleossiberianos

Dois veios xamânico-animistas parecem surgir etnicamente na Ásia Central: em uma parte entre povos caucasianos, alguns indo-europeus, outros fino-ugricos, outros eslavos, e sem falar naqueles de composição desconhecida, mesclando tradições semelhantes entre si mas com origens étnicas nem sempre equivalentes; e outra parte composta por povos uralo-altáicos, de característica semelhante à dos mongóis e dos paleossiberianos. Ambos os veios geraram tanto xamanismos de cura quanto xamanismos guerreiros, mas ambos possuem uma coisa em comum: seus surgimentos quase na mesma porção do mundo. A outra semelhança é o fato de ambos os xamanismos terem sido originalmente naturais, com alguns elementos binários, rurais, assentados portanto em uma visão monista, em que a natureza representa em seu todo uma divindade, envolvendo o cosmos e mesmo até o caos e o nada, tudo, integrando-se e se harmonizando e tendo nas divindades suplementares ou hierarquias divinas meras manifestações da divindade total, panteisticamente falando. Há muitos povos, alguns dos quais ainda existentes, que se enquadram nessas categorias, aqui porém, me limitarei a alguns aos quais julgo pertinentes ao Ocidente ou dos quais disponho de mais informações.

POVOS DAS ESTEPES, DESERTOS E MONTANHAS

Citas

Os Citas, ainda existentes, mas pacificados pelos czares, já foram na Antigüidade um dos povos mais violentos, mais temidos e que mais terras dominava, mesmo que não possuissem muitas cidades no ponto de vista da urbanização mesopotâmica. Algumas cidades porém existiam, como Pazirik. Considerados como sangüinários, possuiam um xamanismo guerreiro assentado totalmente sobre as virtudes da guerra, mas também eram lavradores e comerciantes. Alguns de seus hábitos, alógenos aos dos demais povos, mas muito semelhantes aos de alguns grupos indígenas das Américas, eram o escalpo e a utilização das peles de seus inimigos para a confecção de ornamentos, roupas e artigos pessoais, sem falar nas famosas taças feitas com o crânio do inimigo morto, costume que gerará o brinde sueco skol e sua variável inglesa skull, termos que significam caveira. Os Citas, assim como seus parentes Sármatas englobam diversas nações diferentes entre si, porém é mais fácil falar em uma nação Cita do quê em uma nação Sármata, por isso frequentemente se lê a nação Cítica, e as nações Sarmáticas, isso ocorre porque os Sármatas por um lado possuem muito mais etnias do que os Citas, sendo difícil classificá-los, mesmo porque alguns são miscigenações, e por outro lado, justo por isso, os Sármatas geraram mais Estados Sámatas do que os Citas geraram Estados Cíticos, aliás , em termos de Estados, só havia, em teoria, do lado Cita, aquilo que os gregos chamavam por Scythia ou também Skutha, entre outras denominações. Habitando da Ucrânia até ao Estreito de Bhering, os Citas dominavam terras vastas, recortadas por possessões de outros povos das estepes e das tundras e taigas, ou atravessadas por povos totalmente nômades.

Sociedade clânica, metalurgia e ourivesaria muitíssimo avançadas, uso dos cavalos para o combate, sepultavam seus reis em grandes túmulos de pedras ou de terra em formato de montanha ou de cúpula chamados kourganes pelos arqueólogos. Os exércitos se reuniam quando necessário, sendo fornecidos pelos clãs, aliás essa estrutura se preservará entre os nórdicos e os celtas e também aparece entre muitas nações Sármatas. Os Citas não possuiam templos, que se saiba, mas sabe-se que cultuavam essencialmente uma deusa da fecundidade e da fertilidade, uma deusa mãe, chamada Tabiti, mas há indícios de que essa já fosse cultuada na região antes da chegada dos Citas, que parecem tê-la absorvido, e cultuavam também um deus da guerra, representado por uma espada sagrada, costume aliás também presente entre várias nações Sármatas, e em particular entre os Alanos que são considrados por alguns historiadores como os verdadeiros pais da lenda de Excalibur, ou melhor, da Caliburn anterior. Outros deuses, com suas associações feitas pelos gregos são : Thamumesadas (Poseidon), Goetosyrus (Apolo), Argimpsa (Afrodite), mas não se conhece todos os seus deuses originais, pois, uma vez que os Citas atuais dividem-se entre sincretismos dos seus velhos xamanismo e o Cristianismo Ortodoxo Russo ou os Islamismos Sunita e Xiita, então pesa sobre a Arqueologia a redescoberta dos deuses e deusas da Antigüidade.

A magia cítica era xamânica, mas possuia também características próprias, como o sacrifício de prisioneiros ao deus da guerra, o que também se observará mais tarde entre os povos nórdicos e entre os celtas da Europa Ocidental. Possuiam fraternidades guerreiras de caráter iniciático, ao estilo das männerbunde germânicas. Possuiam porém enorme intolerância religiosa, tendo ao menos dois de seus reis sido mortos por terem participado de cultos gregos: Silas e Anacársis. Os sepultamentos dos nobres líderes eram sangrentos, para o túmulo iam seus cavalos, seus servos e concubinas, mortos estrangulados. As pessoas que transportavam o corpo entre todas as tribos, até as mais distantes, se autoflagelavam, e o corpo era enterrado no cemitério ao centro das tribos. Os costumes dos Citas foram bastante descritos pelo historiador grego Heródoto de Halicarnasso, em seu livro História. A arte Cita era animalista, muitas vezes parecendo produzir a idéia de metamorfose, muitos dos detalhes de suas pinturas e ourivesarias, com suas espiralações, os tornam semelhantes aos Celtas, a quem se julga que Citas e Sármatas formaram, ao irem penetrando na Europa e ocupando algumas porções, o que é particularmente indubitável no caso dos Sármatas Alanos que certamente alcançaram à Península Ibérica, sendo os refundadores da cidade de Coimbra com um de seus reis, chamado Atax ou Atácis.

Porém curiosamente embora seja mais fácil estudar ruínas e sítios arqueológicos Citas e menos fácil falar de sua magia, é mais fácil falar da magia dos Sármatas do que de suas ruínas, pois enquanto sobraram muitas ruínas Citas a pesquisar, e poucos são os achados Sármatas, ao contrário dos Citas pacificados e não raro cristianizados ou islamizados, algumas nações Sármatas ainda hoje resistem com seus costumes essencialmente inalterados, ou tem buscado resgatar tradições que possuíam em gerações não muito distantes. Os citas são chamados de scythians em inglês, escitas em espanhol, citas ou sitas em português, sciti em italiano. e não raro são identificados aos sakas, que às vezes também são postos como um povo sármata, mas as confusões entre citas e sármatas são comuns. Outros nomes com os quais podem ser encontrados pela web são Citians, Skythians, Skuth, Skuthians, e Sphyx, entre outros . Enquanto referidos como sakas, podem ser chamados também por saces, sacians, sakai e sakay entre pencas de outras denominações que variam de idioma para idioma, ou de referência para referência. Saka parece ser o nome persa dos citas, se for referência a esse mesmo povo, e não apenas uma de suas tribos. Já os chineses chamavam aos sakas por sai-wangs. Existe também a possibilidade, alentada por historiadores, de que sejam os ksátrias ou kshátryias, a casta guerreira hinduísta, origiários de skyth ou skuth, e portanto referências aos Citas, uma vez que isso seria corroborado pelas referências de que tal casta fosse estrangeira e guerreira.

Porém é bem mais provável, no caso do termo Saka, que esse definisse apenas os citas habitantes da porção central da Ásia e não todos os citas do da Europa e Ásia. A Índia sofreu alguma influência dos Citas também, pois houve um estado indo-chita, na terra dos Kuchanes que rechaçou algumas ofensivas de hunos, mas não impediu a invasão da Índia pelos hunos.

Sármatas

Associados pelos gregos ao mito das Amazonas, não raro se vê entre as nações Sármatas a presença efetiva de mulheres como hábeis guerreiras. Aperfeiçoadores da Cavalaria Rápida dos Citas, as nações Sármatas descobriram que o centro de equilíbrio das mulheres como localizado na bacia e não na cabeça, como no homem, lhes dava uma tal flexibilidade malabarística ao cavalo que várias nações Sármatas viriam a adotá-las como ginetes com arcos curtos, cuja função era a de aproximar rapidamente a cavalo, atirar no inimigo e voltarem rapidamente para o fronte, esses ataques, rápidos e constantes eram poderosos enfraquecedores das forças adversárias, não raro compostas por infantarias pesadas, tal como no caso dos Romanos. Considerados como um dos povos mais bravios em combate jamais conhecidos sobre a face da terra, lutaram contra Alexandre o Grande, e assim como os Citas, também combateram seu pai, Filipe da Macedônia, lutaram e venceram várias vezes contra os Romanos e os Hunos, tendo evitado a proliferação dos ataques hunos pela Europa. Mas eles próprios se dispersando em levas medievais pela Europa teriam formado a maioria dos povos do leste Europeu e da região balcânica, além de até na Península Ibérica ter havido um rei Sármata, no caso, Moncada. Alguns historiadores confundem os povos Sármatas aos Germânicos, mencionando aos Alanos, como germânicos, mas, apesar desse erro ser comum, é um erro completamente sem bases, uma vez que, ainda que houvessem semelhanças culturais, eram desde cedo os Sármatas possuidores de idiomas e morais muito diferentes.

Sociedade clânica e guerreira, também só organizam tropas quando necessário, fornecendo guerreiros e guerreiras de cada clã. Também são lavradores, comerciantes, e não raro possuiam hierarquias de burocratas e sábios de toda espécie, pois formaram Estados, alguns dos quais foram, ou ainda são : Sarmátias (ou Sarmácias, havia uma na Europa, e outra, na Ásia Central ); assim como Ossétia (North Ossetia, ou Alania, ainda existente, República Federada Russa), Kabardian-Circássia (Kabardino-Cherkésia, ainda existente, República Federada Russa), Abkhazia (Parte da Geórgia, luta por se tornar República Independente), Adhyge ( República Federada Russa), Ingushétia (República Federada Russa), Chechênia (República Federada Russa), Karashay (República Federada Russa), Balkária (República Federada Russa) e Kalmykia (República Federada Russa), isso tudo somente na região Caucásica, algumas dessas nações já possuem suas autonomias como tal; e , mais distante, e dispersos, os Sármatas Egípodes ou Alanos Egípodes (Runyar ou Rhuniahr), e os Alanos Nômades, Avars (também Avares, Ávaros, Auars ou Awars), Issykes, Rutedanos e Roxolanos, entre muitos outros, ainda nômades ou seminômades, habitando nas regiões do Vale do Tarim e do Takla Maklan (ou Takla Makan, Província de Xinjiang, ou ainda Sinkiang), na China, pelo Tibete, Nepal, Butão e áreas centrais da Ásia, até à Europa, espalhados como grupos cultrais minoritários ou a gregados a alguma nação mais organizada, e por uma estreita faixa, em bolsões, ao longo do Norte da África, e em casos muito raros, em outros continentes.

Não disponho no momento de muita bibliografia sobre as demais nações, porque estou com um problema técnico, pois as bibliografias sobre eles quando não são escritas em russo, são em búlgaro, polaco, magyar (húngaro) ou outras línguas um pouco difíceis de eu conseguir aprender no momento, como chinês e sânscrito, sem falar na grande dificuldade em como eu conseguiria tais livros. Mas posso mencionar que a no caso específico dos Egípodes, dos quais tive a rara e conveniente oportunidade de ter sido iniciado como mestre em seu xamanismo, quando ainda outrora haviam parcos herdeiros dessa tradição no Brasil, a despeito de uma diáspora, que é a sua magia, uma magia de turbilhões, portais e egrégoras, xamânica e guerreira, que também possui alguma preocupação com a cura, mas é essencialmente uma magia criativa, geradora de estruturas mágicas através das combinações entre os exercícios de sensibilidade e sensitividade, de integração do ser humano com o cosmos, de aprofundamento do ser em si mesmo, como as jornadas são exemplo, e de confecção não exatamente de um controle das forças, poderes e energias pela mente, mas do mimetismo dessas pela sua própria lógica de funcionamento natural. O que é, em si, a teorização de uma magia que já ocorre naturalmente mas que quando assim ocorre ou ocorre em pequena intensidade ou de forma que não se nota sua ação. É a conscientização disso que cria o poder de tal magia, que serve tanto para ataque e defesa, quanto para proteção e maldição, sacralização e mesmo cura. Essa magia se parece muito com a dos Celtas insulares, com sua magia de leys, e com as passagens mágicas das lendas celtas e nórdicas. A mesma magia, talvez seja, extensível, no imaginário cultural a outras nações Sármatas, uma vez que se vê em algumas delas, como no caso dos Alanos, lendas acerca de objetos sagrados e mágicos, como uma lenda de espada mágica em muito semelhante à lenda de Excalibur ou de Caliburn, e que é essa associação objeto/poder uma associação profundamente arraigada à idéia de poder gravar um poder místico ou uma virtude mágica a um artefato material qualquer, e portanto, magia de turbilhão, em termos esotéricos, ou ainda, para os lêigos nessa tópica, o mesmo princípio por detrás da lenda da varinha de condão, a instrumentalização de um poder mentalmente atribuído.

Os Sármatas também são chamados pelos gregos por Saurômatas ou Sauromatai, em inglês se diz Sarmatians. Outras palavras-chaves pelas quais poderiam ser pesquisados na web são: Savromat, Sawromat, Sarmathai, Sarmathay, Sarmathai, Sauromathai e Sauromathay. Mas, a se julgar pela enorme quantia de idiomas falados pela região da Eurásia, além do fato de terem múltiplas vezes trombado historicamente com os mais diversos povos, não é demasiado mencionar que muitos outros nomes possam tomar de um idioma a outro.

Getas, Cimérios, Hunos e Mongóis

Getas (ou, Getos e Geti), Massagetas e Tissagetas são alguns dos getas, povos guerreiros pouco conhecidos, mas hoje atribuídos também ao tronco indoirânico, que expulsaram, de suas terras, aos Cimérios (os verdadeiros, históricos; não os descritos na ficção Conan do britânico Robert E. Howard, que se valeu de povos reais para criar um mundo fantástico), que foram sendo sucessivmente enxotados pelos Sármatas, depois pelos Citas, e enfim indo parar no sul da França, aonde parecem ter desaparecido ou sido absorvidos pelos Celtas talvez. Os Getas europeus, ou Daco-Getas, mesclas de Dácios (um povo aliás aparentado aos Sármatas) e Getas são uns dos formadores dos povos balcânicos, junto aos Sármatas, aos Gregos, aos Eslavos e aos Macedônios, entre alguns outros. Em suas sociedades, assim como nas dos Sármatas, as mulheres também ocupavam uma posição de equilíbrio com o homem. Alguns daco-getas desenvolveram uma religião própria baseada em Zalmoxis, uma das principais divindades desse povo, essa religião zalmoxiana deificava seus sacerdotes após suas mortes, e esses eram assimilados por Zalmoxis, que continuava mesmo assim deus supremo dos Daco-Getas. Os Getas, também chamados Geti , quando daco-getas podem assim ser chamados em espanhol ou também por getas-dácios, ou daco-getians em inglês. Outro nome para os Getas é Getae, em inglês, retirado do grego. Alguns estudiosos os vinculam também aos Trácios, um povo que habitava a Trácia, na Anatólia, atual Turquia. Zalmoxis (Salmoxis ou Saitnoxis ) era um deus do céu, um deus da morte e também do mistério, e pode ter sido um ser humano que foi divinizado pela mitologia daco-gética.

Os Cimérios ainda são um povo obscuro, mas é interessante mencioná-los aqui por terem influenciado a arte dos Medos, e terem saqueado a Anatólia, e sido enxotados sucessivamente até irem para o sul da França. Já os Hunos eram um povo tátaro-mongol considerado não apenas extremamente violento como também repudiado por outros povos por hábitos como de beber o sangue dos cavalos ou comer suas fezes em casos de fome. Ancestrais do Império Mongol de Genghis Khan, e dos demais canatos, os hunos, que adotaram o budismo e o islamismo bem mais tarde, eram por sua vez descendentes dos Hiong Nus contra quem a muralha da China parece ter sido erguida, já os hunos seriam um povo turco-tártaro-mongol
descendente desses mongóis nômades. Os hunos parecem ter sido um povo muito selvagem no sentido de que não conheciam aparentemente técnicas de lavoura, não pareciam ter muitas noções de higiene, desde cedo as crianças tinham seus rostos cortados com facas para que as barbas não crescessem, não conheciam abrigos como cabanas ou tendas e comiam carne crua, e segundo os gregos, não sabiam de onde vinham, e raramente sabiam de quem eram filhos, pois suas estruturas familiares, surpreendentemente, também pareciam inexistir! Viviam de pilhagens.

Já os mongóis, que eram parentes dos hunos em contrapartida possuiam civilização, assim também como um xamanismo e uma magia natural de bases guerreiras. Originalmente, cultuavam Tengri , deus do céu azul, encarado como a realidade cósmica fundamental, e veneravam também ao sol, à lua, ao fogo, à água e à terra. Etugen é deus do solo, da terra, guardião do gado e aquele que faz as estepes se encherem de flores durante a primavera. Invocavam Tengri para obterem a vitória em batalhas, consideravam o fogo e a cremação como uma técnica purificadora, a simples presença do fogo, mesmo que em lareiras já purificaria o ambiente.

Possuiam várias proibições e tabus relacionados ao mundo mágico, que poderiam segundo suas crenças causar sortilégios, como: matar pássaros, apoiar-se sobre um chicote, derramar leite sobre o solo, cuspir alimento dentro de uma cabana, etc. Achei interessante ler que cuspir um pedaço de alimento dentro de uma tenda era um hábito punido com a morte pelos Mongóis, porque os Sármatas Egípodes, embora não punam com a morte tal ato, consideram o cuspir ao chão um ato de ofensa, se for feito na frente de uma pessoa, é ofensa a essa, como se um ocidental mostrasse o dedo médio para outro ocidental, pensei que uma crença pode ter vindo da outra, ou as duas da mesma origem. Entre os Mongóis, as invocações eram simples, meras orações com as mãos voltadas para o céu. Havia um culto doméstico voltado aos ancestrais, o que os assemelha ao xamanismo Shinto dos Ainus e depois dos japoneses. Eles confeccionavam ídolos de feltro em formas de figuras humanas e os colocavam na entrada dos yurtes (espécies de cabanas desmontáveis), para protegerem os rebalhos e obterem o leite, e fazerem nascer os filhotes do gado. O primeiro leite de suas novilhas e das fêmeas dos jumentos era oferecido a esses ídolos como oferenda, as oferendas eram sempre compostas por comida e bebida. O xamã era chamado por bogá entre os mongóis. Já a palavra xamã em si também é de origem asiática, porém dos tunguses, e se referia aos guias sagrados entre o aqui e o mundo dos espíritos, que traziam a cura ou o conhecimento dos mistérios da vida e da origem, guardiões das lendas, magos. Os mongóis davam muito valor aos métodos divinatórios, e na magia mongol há relatados de levitação de objetos por magos. Mas grande parte dos mongóis acabou ou adotando o budismo ou sendo absorvida pelo islamismo.

Fonte: www.revistadomuseu.wordpress.com


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