sábado, 2 de agosto de 2008

Citas

Os citas (do grego antigo Σκύθης, transl. Skythēs, pl. Σκύθοι, Skythoi) eram um antigo povo iraniano de pastores nômades equestres que por toda a Antiguidade Clássica dominaram a estepe pôntico-cáspia, conhecida à época como Cítia.




A maior parte das informações que perduraram a respeito dos citas vem do historiador grego Heródoto, que os descreveu em sua obra Histórias (século V a.C.) e pelos achados arqueológicos, como as belas obras em ouro encontradas nos kurgans (mamoas) na Ucrânia e sul da Rússia.

Etimologia

Os citas conhecidos por Heródoto se chamavam de Skolotoi. A palavra grega Skythēs provavelmente reflete uma versão antiga do mesmo nome, *Skuδa- (onde Heródoto transcreveu o som [ð], que não lhe era familiar, pelo lâmbda, Λ; -toi representa a terminação plural do iraniano do nordeste, -ta). O termo, que originalmente significava "atirador", "arqueiro", veio por sua vez da raiz proto-indo-europeia *skeud- "atirar", "arremessar". (paralelo ao inglês shoot, e ao alemão Schütze).

O nome usado pelos sogdianos para se referir a si próprios, Swγδ, pode representar uma palavra relacionada (*Skuδa > *Suγuδa com uma vogal anaptítica). A palavra também aparece no assírio, na forma Aškuzai ou Iškuzai ("cita"). Pode ter sido a fonte para o termo bíblico Ashkenaz (original *אשכוז, transl. ’škuz, que foi grafada erroneamente como אשכנז, ’šknz), que originou o termo judaico posterior para se referir às áreas germânicas da Europa Central, e foi usado como forma de auto-descrição pelos judeus asquenazitas que ali viviam entre os Ashkenazim ("alemães"), que eram chamados então de teutônicos ou Wendels.

Os antigos persas usavam outro nome para os citas, sacas (saka), que talvez seja um derivado da raiz verbal sak- "ir", "vagar", ou seja, "andarilho", "nômade". Os chineses conheciam os sacas (citas asiáticos) como Sai (caracter chinês: 塞; sinítico antigo: *sək). A província iraniana do Sistão (Sistan) recebeu seu nome do tradicional Sacastão (Sakistan, a terra dos saka).

História




Especula-se que os Citas tiveram seus primeiros descendentes no ano 2000 a. C., originários da bacía do rio Volga (hoje Rússia).

Estabeleceram-se durante os séculos VIII e VII a.C. no sul da Rússia, nas regiões situadas ao norte do mar Negro, cujo centro é a atual Criméia.

Temidos e admirados pela coragem que demonstravam na guerra, foram um dos primeiros povos a cavalgar, surpreendendo os inimigos com a habilidade em montar e a mobilidade que o cavalo lhes conferia.




Eram habilidosos arqueiros, exímios jinetes e criadores de cavalos, tendo os eqüinos presentes na maioria dos suas magníficas manufaturas e adornos de ouro.




Os Citas acreditavam que o ouro lhes havia sido proporcionado por seres de um só olho, que o haviam roubado dos mitológicos grifos.




Referências históricas como a de Heródoto falam que seus monarcas eram enterrados em grandes túmulos, juntamente com seus melhores cavalos, concubinas e servos (previamente executados para a cerimônia). Em contraponto, algumas tribos citas costumavam não enterrar seus mortos, esperando que estes fossem devorados pelos abutres no que significava um sinal de boa sorte.

Guerra

Destacavam-se na arte da guerra, sendo sua marca registrada o uso de capacetes adornados de grandes chifres. O grande processo expancionista persa, realizado por Darío I (que conquistou grande parte do Mundo Antigo), fracassou ao tentar conquistar a região ocupada pelos citas. Apesar de possuírem um contigente imensamente menor que o do exército persa, os citas se valiam de sofisticadas técnicas de emboscada e de seu fator nômade para fazer fracassar o avanço inimigo.




Os citas atacavam com uma massa de flechas. Se os adversários não eram oprimidos pela chuva de flechas, em seguida, os citas viravam e dirigir-se-iam a uma distância segura para reagrupar e fazer outro ataque em massa.

A maioria dos adversários foram esmagados pelas táticas de batalha dos citas.

Sociedade cita

Os citas formavam uma malha frouxa de tribos nômades de pastores eqüestres e invasores. Governados por um pequeno número de elites proximamente aliadas, tinham renome devido a seus arqueiros, e muitos ganhavam a vida como mercenários.




Seus conterrâneos os consideravam muito selvagens por seu hábito de beber o sangue de sua primeira vítima em uma batalha, e por um traje peculiar composto do couro cabeludo escalpelado de suas vítimas de guerra. Também costumavam utilizar crânios humanos como vasilhas para o consumo do kumis (bebida alcóolica a base de leite de égua).

Um dos principais assentamentos citas localizou-se na península da Criméia, onde se encontraram numerosos exemplos da perícia arquitetônica e artesanal dos habitantes. A classe dos poderosos aristocratas adornava suas sepulturas com ricos objetos de ouro e outros metais preciosos.

Os guerreiros citas tinham duas paixões: seu arco assimétrico que podia atirar a até 500 metros de distância e uma espada reta de dois gumes, cuja lâmina possuia setenta centímetros de comprimento. Ao lutar, montavam cavalos velozes e eram ferozes combatentes.

Eles invadiram muitas áreas nas estepes da Eurásia, incluindo áreas nos atuais Cazaquistão, Azerbaijão, sul da Ucrânia e da Rússia.

O poderoso império fundado pelos citas sobreviveu por mais de cinco séculos antes de ser destruído pelos sármatas. As sucessivas invasões procedentes das regiões do sul da Ásia causaram o desaparecimento da cultura cita por volta do século II a.C.

Muitos dos costumes dos citas foram posteriormente adotados pelos hunos. Atribui-se principalmente aos magiares da Hungria e ao Ossétianos do Cáucaso a descendência dos citas nos tempos modernos.

Cítia




A Cítia foi uma região na Eurásia habitada na antiguidade por um grupo de povos iranianos falantes de línguas iranianas conhecidos como citas. A localização e extensão da Cítia varia com o tempo, da região dos Montes Altai onde as fronteiras de Mongólia, China, Rússia e Cazaquistão se encontram à região do baixo Danúbio na Bulgária. Os sacas eram citas asiáticos e eram conhecidos como sai (em chinês: 塞, em sinítico antigo: *sək) pelos chineses.

Os citas são citados pela primeira vez nos anais assírios como Ishkuzai, onde são registrados como vindos do norte em algum momento por volta de 700 a.C., se estabelecendo na Ascânia e no moderno Azerbaijão até o sudeste do lago Urmia. Os citas eram possivelmente um ramo dos Gimirru mencionados nos anais assírios aproximadamente na mesma época, da mesma forma que o historiador grego Heródoto de Halicarnasso descreveu os Kimmerioi, ou cimérios, como uma tribo distinta, a população autóctone da costa norte do Mar Negro, que foram expulsos pelos citas.

A mais importante tribo cita mencionada nas fontes gregas residia nas estepes entre os rios Dniepre e Don. Não existem textos em cita, mas os nomes pessoais da literatura grega e textos epigráficos sugerem que a língua dos citas e dos sármatas (que falavam um dialeto cita de acordo com Heródoto, Hist. 4.117), tinha forte similaridade com os bem documentados dialetos iranianos orientais como o sogdiano e o moderno osseto. Os povos subalternos nas estepes periféricas também eram referidos como citas, mas isso não significa necessariamente que eles falassem línguas iranianas como os citas verdadeiros. Prisco, o emissário bizantino a Átila, se referiu repetidamente aos seguidores de Átila como citas. Alguns dos hunos devem ter tido ancestralidade cita.

Restos arqueológicos de citas incluem elaboradas tumbas contendo ouro, seda, cavalos e sacrifícios humanos. Técnicas de mumificação e camadas de terra congeladas tem ajudado na relativa preservação de alguns restos.

O nome "cita" foi usado também para se referir aos diversos povos vistos, ao longo da história, como semelhantes aos citas, ou que viveram em qualquer lugar da imensa área que era conhecida até a Idade Média como Cítia.

Cronologia

750: Os Citas, um grupo de pastores nômades, se estabelecem entre o Don e os Carpatianos.

674: O rei dos Citas, Partatua, se casa com uma princesa assíria.

653: Os Citas invadem o império Médio (Nordeste da Pérsia).

626: Os Medos/Persas derrotam os Citas.

514: Dario, o rei da Pérsia, invade a Cítia.

360: O rei Atheas une todas as tribos citas e amplia o seu território até a fronteira com a Macedônia.

339: Atheas da Citia é morto na guerra contra Filipe da Macedônia.

225: Os Celtas no oeste e o Sarmatianos no leste destroem o reino dos Citas.

145: Os cushitas (Yuezhi), tribos nômades expulsas da China pelos Hsiungnu (Huns), tomam o reino de Bactria (último reino grego na Ásia Central) e expulsam os citas para o Irã e Índia.

127: Os Partos, sob Phraates II, são derrotados pelos citas.

124: Os partos sob Artabano II são derrotados novamente pelos citas e Mitridate II sucede Artabano II como rei da Partia.

80: Os citas (Saka), sob Bhumaka, conquistam o noroeste da Índia que estava sob Bactria.

Fontes: Wikipédia / Portal EmDiv / História do Mundo

Um comentário:

Diego disse...

Conheci teu blog há pouco tempo, mas estou gostanto muito dos textos! Muito obrigado e espero que continues postando mais textos, pois todos são muito bons. Gostei bastante de todo o material que diz respeito àquelas civilizações mais antigas, como os hititas e os assírios. Parabéns!